terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Eu queria poder te dizer
Todas as verdades que tenho
Pra mim

Queria poder ser finalmente livre
Voar como um pássaro
E finalmente embriagar-me
Da minha vontade de viver

Queria poder acordar as onze
Depois de uma noite de chopp
Com você

Eu queria poder caminhar
Sobre a grama verde
Do jardim botânico
Sentir meus cabelos ao vento
E não me perguntar ao menos uma vez
Porque você continua aqui

Eu queria poder me entender
Pra poder te entender
Te beijar
E te beber

Eu queria poder sair
Conhecer Roma, Paris, Londres e Praga
E ter o prazer... de fazer isso com você

Eu queria poder poder tudo
Mas não posso
Posso ao mínimo ter o poder de não te perder ?
Iria doer.
Love. | via Tumblr

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dois anos que você se foi

        Acho que naquela noite, se não me encontrasse cheia de trabalhos para fazer, dormiria tão cedo que conseguiria acordar no meu horário habitual sem reclamar sobre o despertador, mas a verdade é que os dias andavam corridos e ocupados, e eu precisava terminar aquele maldito livro em menos de uma semana, eu não sabia como conseguiria, mas precisava, de fato, conseguir tal proeza.
       Uma chuva bem fina caía pela janela, e havia roupa no varal, eu não tiraria, estava ocupada demais focada no fogão que naquele momento quase queimava o arroz, culpa do fogão, não minha.
Eu ainda não acreditava que estava ali, haviam se passado dois anos desde que você falecera e eu continuara de pé, a semana fora tão corrida que eu mal consegui me lembrar que dia era.
        Quando se foi, prometi que não me permitiria chorar, mas eu disse que sempre me permitiria lembrar, mas não me lembrei, depois de dois anos, por algum motivo, eu não me lembrei, e não lamentei.
        Você fora alguém com quem fiz planos pra vida. Fugimos juntos e hoje sabe-se lá onde está minha mãe, meus irmãos e minha melhor amiga, fugimos para o mais longe que podíamos e construímos o que achávamos que seria para a eternidade, e fizemos isso juntos.
        Criamos um mundo para nós dois, e admito...admito que talvez éramos jovens demais, que talvez brigássemos demais, que muitas vezes nos faltou comida, nos faltou dinheiro, mas também devo confessar que jamais – repito, jamais- nos faltou amor, amor era o que esbanjávamos em cada olhar, ainda que perdido.
        Mas devo dizer que fora ingenuidade nossa achar que tudo seria perfeito,  foi tudo muito real, muito vivo, e como tudo que faz parte da realidade, houveram defeitos, houveram pecados, muitas vezes houve pouco de mim, outras vezes houve pouco de você, talvez deveríamos ter nos dedicado mais, brigado menos e agido como os adultos (que a partir do momento de decidimos fugir, assumimos, ainda que implicitamente, que seríamos).
        Só que esperar atitudes adultas e maduras de duas crianças que acabavam de completar dezoito anos, era quase uma piada. Eu mal sabia cozinhar – ainda não sei, pra ser sincera – e você mal sabia trocar uma lâmpada, gritávamos feito crianças e nos batíamos feito dois irmãos, mas no fim das contas, quando deitávamos na cama, você me amava feito um homem, feito marido, que bom... apesar dos pesares, você era.
        Mas éramos tão jovens, tínhamos tanto a aprender sobre a vida, sobre trabalho, sobre lutas e sobre dor... dor... pressuponho que você não teve tempo de aprender sobre a dor, e eu... bom... depois que você se foi... aprendi muito sobre ela.
        Depois de um tempo, parei de me lembrar de você com remorso, parei de pensar nas coisas que poderíamos ter feito.
        Fomos felizes, ainda que briguentos, ainda que quebrados, cumprimos a promessa que fizemos, realmente não nos faltou amor, isso não, em momento algum.
        E no fim das contas, acho não me lembrei de você naquele dia, porque depois de um tempo,  eu não precisava mais de datas pra me lembrar de você, eu tinha algo seu que era meu, algo que foi nosso.
        Eu olhei aquela pequena garotinha correr pelo jardim, me dar um abraço e com o seu sorriso me dizer: ‘’Estava com muitas saudades, mamãe!’’

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Na vida real, se  não se levantar sozinha, um príncipe não vai fazer isso por você,  você não descobrirá ser da realeza e sua vida será uma mesmice durante muito tempo. Porque na vida real é você contra o mundo e todo o resto, é um sorriso no rosto e uma armadura no peito para se fazer cada dia mais forte. Na vida real nenhum sapo virará príncipe, sapo é sapo, e o príncipe mais próximo vive na Europa. Ninguém virá te buscar num cavalo branco e lhe dizer que te esperou a vida inteira, porque a vida inteira é muito tempo. Nenhuma bruxa irá te enfeitiçar, porque a única pessoa que pode lhe causar mal é você mesma... e o resto? O resto a vida ensina com o tempo, que por acaso, não para pra você.

Brasil

Acho que no fim das contas, o motivo dos meus olhos cansados, eram nada mais nada menos do que saudade. Saudade do que nunca tive, saudades do mundo em que não vivi, como se isso não fosse clichê, como se isso fizesse algum sentido.
Eu sentia saudades dos discos de vinil, da gaita tocada na janela, sentia saudades do cheiro de broa que invadia a casa toda sexta à tarde. Sentia saudades das bocas pintadas de caneta, saudades do tempo em que as adolescentes colocavam apenas caneta na boca. Saudades do desfile lindo e lotado de sete de setembro, saudades de um Brasil que já passou. Brasil que pouco tempo foi, Brasil de 85, Brasil de 2002.
Brasil que pouco curtiu a ditadura que acabou.A ditadura que por pouco tempo achou que se acabou.
Saudades do Brasil que cantava ao som de Cazuza ‘’o tempo não para’’, não mesmo, bem que ele já dizia, bem que Renato tentou me avisar sobre o tempo perdido, não parou, logo passou, eu perdi. Acho que não pertenço à aqui, acho que me transportei da década passada, da década que ainda se usava – pouca, mas se usava - roupa no carnaval.
Agora só existem destroços, destroços de música boa, destroços de histórias de amores, amores que talvez, não existissem, mas se enganavam, hoje em dia, nem tampouco.
Saudades dos cabelos de verdade, do balanço natural, saudades das piscadelas que sei que levantariam meu astral.
Ai meu Deus, que saudades do Brasil, que saudades de mim, presa no presente, presa em mim.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sempre ficar

Aquela manhã eu acordei e não pude levantar, nem ao menos cogitei a ideia, ele dormia ao meu lado com a expressão mais serena que eu já havia visto, e eu o encarava com vontade de tê-lo pra sempre. Era impossível e inocente demais pensar que um dia haveria tal possibilidade. Amá-lo era tão difícil, suportar aqueles quilômetros, as vezes, era um fardo pesado demais para mim...Mas aqueles olhos, aquele sorriso, eu simplesmente não podia deixá-lo em hipótese alguma, por mais que minha saudade fosse irremediável, deixá-lo traria uma dor que eu jamais poderia suportar. Estava apaixonada, o que mais posso dizer ? Como não me apaixonar por ele ? Ele tinha um jeito próprio de sorrir quando estava sem graça, e um olhar de tesão que dizia ''vamos fazer de novo'', eu o desejava dali até a eternidade. Ele abria os olhos vagarosamente, me encarava e sorria, e eu percebia que aquilo era tudo que eu precisava, mas nada do que eu podia ter...
Ele era perfeito em tudo que fazia, mas não era real, não no meu mundo, e eu já não suportava a ideia de não poder vê-lo todas as manhãs, de não poder tê-lo todas as noites, porque ele precisava voltar pra realidade à qual pertencia, e eu precisava voltar pra minha.
Era uma manhã chuvosa, e ele ainda estava ali, deitado, sereno, num sono tranquilo, e eu chorava. Tomei coragem e levantei, me fitei no espelho... cabelos bagunçados, era um traço que ele deixou.
Eu me odiaria por qualquer decisão que tomasse, e apesar de me odiar mais ainda por não conseguir deixá-lo, lembrar da noite passada me fazia ficar, sempre ficar.
Levantei meus olhos, e ela estava lá, com um sorriso no rosto, dizia ''bom dia'' com sua voz rouca, e era aquilo, tal perfeição, que não me deixava ir.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O tempo. Não há nada nesse mundo que eu tema mais, que eu desconheça mais, ou que me intrigue mais. Eu me lembro de olhar pela janela do carro, e me perguntar sobre a vida daquelas pessoas que passavam, me perguntava o que faziam, ou pra onde iam. Alguns corriam, outros simplesmente caminhavam, prova de que o tempo é diferente para cada um de nós. Eu estava ali sentada, o relógio ainda fazia ''tic tac'', o mundo continuava a rodar, e eu ali, parada, estável. O tempo não costumava correr pra mim naquela época, ele caminhava, e os dias eram incrivelmente longos. Há quem diga que o tempo não se altera, não concordo, hoje os dias correm, e vinte quatro horas são incrivelmente consumidas, eu as consumo, eu as preencho. Concluo que, seria hipocrisia minha tentar entender o tempo, tudo o que sabemos, é que ele passa diante dos nossos olhos, até que não haja mais tempo.

Deve ser o frio

Nos últimos dias tenho me encontrado numa maré de novas sensações. É engraçado sentir tanto, e ao mesmo tão pouco. Acho que é o frio, considerando que essa não seja minha boa e velha desculpa, desculpa para não admitir o quanto estou apaixonada. Não há nada mais clichê do que o venho sentindo, e não há nada mais comum do que textos como esse, triviais no "pensador" . Estar apaixonada pra mim sempre fora um desafio, admito que, sempre fui complicada, um tanto indecifrável, e não tão apaixonável quanto as garotas da minha classe de anatomia. De uma forma ou de outra, alguém teve o prazer de adentrar essa barreira jamais ultrapassada e violar minha razão. Deve ser o frio. A verdade é que, nunca me senti tão empolgada à atender um telefonema, ou ir comer uma comida esquisita num restaurante novo. Um turbilhão de sensações correm dentro de mim em menos de um segundo, bom, devo admitir, culpa sua, não do frio.
     Belo Horizonte, 30 de janeiro de 1998      

     Amor, hoje lhe escrevo essa carta, não porque acredito que você vá ler, porque você não vai, são só algumas coisas que estão entaladas aqui comigo desde o dia em que você se foi.
    Era uma noite como essa quando nos conhecemos, as estrelas iluminavam o céu, você estava lá sentado naquele banco na praça, avoado e distante, seus olhos brilhavam mais do que as estrelas daquela noite, e seu sorriso era o mais bonito que eu já vira, mas eu nunca te disse isso.
    A partir daquele dia eu não consegui mais tirar o olho de você, você era tão inteligente, lindo, interessado e meigo, em pouco tempo me apaixonei, acho que nunca tinha te dito isso também, porque me fiz de durona por muito tempo, não era porque eu não gostava de ti, era porque eu tinha medo da forma rápida como me conquistou.
   Lembra daquela história que me contou antes de partir ? Você estava deitado naquela maca, fingindo estar bem, e sussurrava baixinho uma história sobre a chuva que eu nem entendi bem, você dizia: a chuva traz de volta tudo o que levou, essa história é o motivo deu estar tão brava com você; ontem chovera muito,  mais do que em qualquer outro dia depois que você me deixou, e eu esperei durante a noite toda, mas hoje quando eu acordei, você não estava aqui, nunca mais vai estar.
    Eu espero que você tenha encontrado o que veio a terra procurando, porque eu, definitivamente encontrei.
    Com saudades,

                                                                                         Alguém que te amará eternamente.


Praga, 29 de setembro de 2012

    Oi,
    Primeiramente, lhe escrevo essa carta porque não há nada mais justo do que esclarecer as coisas com  você.  E em segundo plano, lhe escrevo por precisar desabafar e contar as novidades pra alguém que realmente confio.
    Bom, vamos ao primeiro tópico, eu sei que vinha andando um tanto estranha com você, um pouco fria, um pouco longe, a confusão tomou conta da minha cabeça e não tive nem tempo de lhe dizer o que realmente sentia antes de pegar aquele avião. Eu sou indiscutivelmente apaixonada por você, e não há nada que eu tenha  mais certeza, mas me encontrei em um lugar longe de mim, longe de quem eu costumava ser, eu me perdi em algum lugar durante a minha trajetória com você, e essa viagem foi a maneira mais viável de me procurar, e que fique claro, eu me encontrei, espero que ainda se lembre da garota por quem se apaixonou, em algum lugar, sob essa noite estrelada de Praga, eu a encontrei.
    A cidade é linda, e viva, mais bonita do que eu esperava, mais bonita do que costumavam me dizer, eu me apaixonei pelas ruas, pelas pessoas, pelos simplórios sorrisos que aqui conheci. Porém, era triste ver que os lugares que passei eram pra mim oásis no deserto, e pras pessoas daqui, nada mais do que vistas rotineiras. E foi ali que eu percebi que... era aquilo que eu queria fazer da vida, queria viajar, encontrar novos oásis, e não deixar que nenhuma vista se tornesse rotineira, encontrei aqui uma vivacidade, uma vontade, uma ânsia que a muito tempo adormecia no meu coração. Eu não quero  deixar  as coisas mais bonitas da vida passarem por mim tão rápido a ponto deu não poder segurá-las, eu não quero que você passe por mim sem eu poder te segurar.
    Espero que essa carta diga todas as coisas que eu não pude lhe dizer, eu voltarei em breve, com um sorriso no rosto, feliz, e pronta para seguir uma vida fora da rotina contigo. Espero que me perdoe.
    Sinto saudades,
                                                                                                                     Mariah