quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Brasil

Acho que no fim das contas, o motivo dos meus olhos cansados, eram nada mais nada menos do que saudade. Saudade do que nunca tive, saudades do mundo em que não vivi, como se isso não fosse clichê, como se isso fizesse algum sentido.
Eu sentia saudades dos discos de vinil, da gaita tocada na janela, sentia saudades do cheiro de broa que invadia a casa toda sexta à tarde. Sentia saudades das bocas pintadas de caneta, saudades do tempo em que as adolescentes colocavam apenas caneta na boca. Saudades do desfile lindo e lotado de sete de setembro, saudades de um Brasil que já passou. Brasil que pouco tempo foi, Brasil de 85, Brasil de 2002.
Brasil que pouco curtiu a ditadura que acabou.A ditadura que por pouco tempo achou que se acabou.
Saudades do Brasil que cantava ao som de Cazuza ‘’o tempo não para’’, não mesmo, bem que ele já dizia, bem que Renato tentou me avisar sobre o tempo perdido, não parou, logo passou, eu perdi. Acho que não pertenço à aqui, acho que me transportei da década passada, da década que ainda se usava – pouca, mas se usava - roupa no carnaval.
Agora só existem destroços, destroços de música boa, destroços de histórias de amores, amores que talvez, não existissem, mas se enganavam, hoje em dia, nem tampouco.
Saudades dos cabelos de verdade, do balanço natural, saudades das piscadelas que sei que levantariam meu astral.
Ai meu Deus, que saudades do Brasil, que saudades de mim, presa no presente, presa em mim.

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