quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sempre ficar

Aquela manhã eu acordei e não pude levantar, nem ao menos cogitei a ideia, ele dormia ao meu lado com a expressão mais serena que eu já havia visto, e eu o encarava com vontade de tê-lo pra sempre. Era impossível e inocente demais pensar que um dia haveria tal possibilidade. Amá-lo era tão difícil, suportar aqueles quilômetros, as vezes, era um fardo pesado demais para mim...Mas aqueles olhos, aquele sorriso, eu simplesmente não podia deixá-lo em hipótese alguma, por mais que minha saudade fosse irremediável, deixá-lo traria uma dor que eu jamais poderia suportar. Estava apaixonada, o que mais posso dizer ? Como não me apaixonar por ele ? Ele tinha um jeito próprio de sorrir quando estava sem graça, e um olhar de tesão que dizia ''vamos fazer de novo'', eu o desejava dali até a eternidade. Ele abria os olhos vagarosamente, me encarava e sorria, e eu percebia que aquilo era tudo que eu precisava, mas nada do que eu podia ter...
Ele era perfeito em tudo que fazia, mas não era real, não no meu mundo, e eu já não suportava a ideia de não poder vê-lo todas as manhãs, de não poder tê-lo todas as noites, porque ele precisava voltar pra realidade à qual pertencia, e eu precisava voltar pra minha.
Era uma manhã chuvosa, e ele ainda estava ali, deitado, sereno, num sono tranquilo, e eu chorava. Tomei coragem e levantei, me fitei no espelho... cabelos bagunçados, era um traço que ele deixou.
Eu me odiaria por qualquer decisão que tomasse, e apesar de me odiar mais ainda por não conseguir deixá-lo, lembrar da noite passada me fazia ficar, sempre ficar.
Levantei meus olhos, e ela estava lá, com um sorriso no rosto, dizia ''bom dia'' com sua voz rouca, e era aquilo, tal perfeição, que não me deixava ir.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O tempo. Não há nada nesse mundo que eu tema mais, que eu desconheça mais, ou que me intrigue mais. Eu me lembro de olhar pela janela do carro, e me perguntar sobre a vida daquelas pessoas que passavam, me perguntava o que faziam, ou pra onde iam. Alguns corriam, outros simplesmente caminhavam, prova de que o tempo é diferente para cada um de nós. Eu estava ali sentada, o relógio ainda fazia ''tic tac'', o mundo continuava a rodar, e eu ali, parada, estável. O tempo não costumava correr pra mim naquela época, ele caminhava, e os dias eram incrivelmente longos. Há quem diga que o tempo não se altera, não concordo, hoje os dias correm, e vinte quatro horas são incrivelmente consumidas, eu as consumo, eu as preencho. Concluo que, seria hipocrisia minha tentar entender o tempo, tudo o que sabemos, é que ele passa diante dos nossos olhos, até que não haja mais tempo.

Deve ser o frio

Nos últimos dias tenho me encontrado numa maré de novas sensações. É engraçado sentir tanto, e ao mesmo tão pouco. Acho que é o frio, considerando que essa não seja minha boa e velha desculpa, desculpa para não admitir o quanto estou apaixonada. Não há nada mais clichê do que o venho sentindo, e não há nada mais comum do que textos como esse, triviais no "pensador" . Estar apaixonada pra mim sempre fora um desafio, admito que, sempre fui complicada, um tanto indecifrável, e não tão apaixonável quanto as garotas da minha classe de anatomia. De uma forma ou de outra, alguém teve o prazer de adentrar essa barreira jamais ultrapassada e violar minha razão. Deve ser o frio. A verdade é que, nunca me senti tão empolgada à atender um telefonema, ou ir comer uma comida esquisita num restaurante novo. Um turbilhão de sensações correm dentro de mim em menos de um segundo, bom, devo admitir, culpa sua, não do frio.
     Belo Horizonte, 30 de janeiro de 1998      

     Amor, hoje lhe escrevo essa carta, não porque acredito que você vá ler, porque você não vai, são só algumas coisas que estão entaladas aqui comigo desde o dia em que você se foi.
    Era uma noite como essa quando nos conhecemos, as estrelas iluminavam o céu, você estava lá sentado naquele banco na praça, avoado e distante, seus olhos brilhavam mais do que as estrelas daquela noite, e seu sorriso era o mais bonito que eu já vira, mas eu nunca te disse isso.
    A partir daquele dia eu não consegui mais tirar o olho de você, você era tão inteligente, lindo, interessado e meigo, em pouco tempo me apaixonei, acho que nunca tinha te dito isso também, porque me fiz de durona por muito tempo, não era porque eu não gostava de ti, era porque eu tinha medo da forma rápida como me conquistou.
   Lembra daquela história que me contou antes de partir ? Você estava deitado naquela maca, fingindo estar bem, e sussurrava baixinho uma história sobre a chuva que eu nem entendi bem, você dizia: a chuva traz de volta tudo o que levou, essa história é o motivo deu estar tão brava com você; ontem chovera muito,  mais do que em qualquer outro dia depois que você me deixou, e eu esperei durante a noite toda, mas hoje quando eu acordei, você não estava aqui, nunca mais vai estar.
    Eu espero que você tenha encontrado o que veio a terra procurando, porque eu, definitivamente encontrei.
    Com saudades,

                                                                                         Alguém que te amará eternamente.


Praga, 29 de setembro de 2012

    Oi,
    Primeiramente, lhe escrevo essa carta porque não há nada mais justo do que esclarecer as coisas com  você.  E em segundo plano, lhe escrevo por precisar desabafar e contar as novidades pra alguém que realmente confio.
    Bom, vamos ao primeiro tópico, eu sei que vinha andando um tanto estranha com você, um pouco fria, um pouco longe, a confusão tomou conta da minha cabeça e não tive nem tempo de lhe dizer o que realmente sentia antes de pegar aquele avião. Eu sou indiscutivelmente apaixonada por você, e não há nada que eu tenha  mais certeza, mas me encontrei em um lugar longe de mim, longe de quem eu costumava ser, eu me perdi em algum lugar durante a minha trajetória com você, e essa viagem foi a maneira mais viável de me procurar, e que fique claro, eu me encontrei, espero que ainda se lembre da garota por quem se apaixonou, em algum lugar, sob essa noite estrelada de Praga, eu a encontrei.
    A cidade é linda, e viva, mais bonita do que eu esperava, mais bonita do que costumavam me dizer, eu me apaixonei pelas ruas, pelas pessoas, pelos simplórios sorrisos que aqui conheci. Porém, era triste ver que os lugares que passei eram pra mim oásis no deserto, e pras pessoas daqui, nada mais do que vistas rotineiras. E foi ali que eu percebi que... era aquilo que eu queria fazer da vida, queria viajar, encontrar novos oásis, e não deixar que nenhuma vista se tornesse rotineira, encontrei aqui uma vivacidade, uma vontade, uma ânsia que a muito tempo adormecia no meu coração. Eu não quero  deixar  as coisas mais bonitas da vida passarem por mim tão rápido a ponto deu não poder segurá-las, eu não quero que você passe por mim sem eu poder te segurar.
    Espero que essa carta diga todas as coisas que eu não pude lhe dizer, eu voltarei em breve, com um sorriso no rosto, feliz, e pronta para seguir uma vida fora da rotina contigo. Espero que me perdoe.
    Sinto saudades,
                                                                                                                     Mariah